sábado, 20 de novembro de 2010

Poecilídeos

Lebiste - Guppy (Poecilia reticulata)


Origem: America Tropical
Comprimento:  5 cm
Aquário: 40L
pH: 7.3
Temperatura: 27ºC


Ficha prática do Guppy:








Nome Popular: Guppy, Barrigudinho, Lebiste, Bandeirinha, Sarapintado, Peixe-Arco-Íris, Guaru-Guaru, Bobó, Rainbowfish, Missionaryfish, Millionenfisch, Buntfleckkaerpfling etc.
Nome Científico: Poecilia reticulata (Wilhelm C. H. Peters - 1859).
Origem: Norte da América do Sul e América Central.
Dimorfismo Sexual: Macho: Tem cores no corpo e nadadeiras. Sua nadadeira caudal costuma ser do mesmo tamanho do corpo. Pode chegar a medir 3 centímetros. Fêmea: Tem cores somente no pendúculo caudal e nadadeiras. Pode chegar a medir 5,6 cm
Temperatura: De 25°C a 30°C. De preferência 27°C.
Água: pH 7.0 a 7.2. dH 6 a 10.
Alimentação: Onívora - Tubifex, larvas de mosquito, drosófilas, artêmia salina, dáfnias, infusórios, microvermes, enquitréias, minhocas de jardim, patê etc.






O Lebiste ou Guppy criado em cativeiro é provavelmente o peixe de aquário mais popular do mundo. Derivado da espécie selvagem Poecilia reticulata (originalmente da América do Sul/Central) ele é pequeno, lindo, pacífico, vivaz e geralmente resistente. Melhor ainda, há uma miríade de variantes coloridas que podem ser colecionadas e facilmente reproduzidas, por isso é uma das melhores escolhas para iniciantes no hobby, especialmente crianças. Tenho certeza que quase todo mundo já se deu conta disso, mas em todo caso: os machos de guppy são aqueles com corpos mais esguios e caudas grandes, enquanto as fêmeas são mais encorpadas (especialmente quando grávidas, o que é quase sempre) e de maneira geral são menos coloridas. Se você olhar com cuidado a nadadeira anal (aquela logo à frente de onde saem as fezes) vai ver também a diferença entre a nadadeira normal em forma de leque da fêmea, e a nadadeira modificada em forma de tubo do macho (gonopódio).

Guppies são razoavelmente tolerantes às condições da água e muitos iniciantes conseguem mantê-los vivos por um ano ou dois sem fazer nenhum tipo de monitoramento, mas se você tentar manter um pH estável de neutro a levemente alcalino (7.0-7.5), temperatura estável em torno de 26-28°C, e uma boa rotina de manutenção, vai ter guppies mais coloridos, mais saudáveis e de vida mais longa (3-5 anos). Alimentar guppies é banal, eles estão sempre com fome e aceitam todos os tipos de comida, mas existem rações comerciais especializadas para favorecer o crescimento da cauda e a coloração.

Reproduzir guppies é essencialmente automático, basta adicionar água. Muitas vezes você nem precisa de um macho, já que as fêmeas conseguem estocar esperma e já vêem grávidas da loja. Como todo mundo sabe, eles são vivíparos portanto os filhotes se desenvolvem dentro da mãe e ela os expele já plenamente formados, como versões miniaturas dos pais. Guppies NÃO são bons pais, eles comem na hora seus próprios filhotes se puderem, por isso são necessários criadouros especiais se você quiser criar os filhotes. Em um aquário bem plantado, muitos bebês conseguem sobreviver por sí só, escondendo-se por entre a vegetação, e assim que atingem um tamanho razoável já estão a salvo dos adultos.

Como já mencionado, existem muitas variedades (linhagens) de guppies, e criadores de guppy em muitos países são bastante dedicados e organizados, formando clubes, realizando eventos, competições e leilões. Ao passo que guppies "vira-latas" são tão baratos que são frequentemente usados como alimento vivo, as linhagens bem desenvolvidas chegam a atingir preços bem impressionantes.


Plati (Xiphophorus maculatus)

Origem: America Central
Comprimento:  5 cm
Aquário: 50L
pH: 7.3
Temperatura: 25ºC


Espada (Xiphophorus hellerii)

Origem: America Central
Comprimento:  13 cm
Aquário: 60L
pH: 7.3
Temperatura: 25ºC


Os Espadas são primos do Platy, preferencialmente de alimentação vegetal, também de cores alaranjadas, embora esta espécie seja originalmente esverdeada. Natural do México, esta espécie distingue-se pela bonita espada na cauda e tem tendência para água salobra, pelo que é aconselhável acrescentar umas pedras de sal ao aquário. Este procedimento afecta outras espécies, por isso só deve ser levado em conta, se colocado num aquário de biotipo. O macho atinge 10 cm e a fêmea 11. A sua reprodução é fácil, embora vivíparo, nem sempre se mostram disponiveis para nos mostrar os seus rituais de acasalamento. Os Espadas vivem, como é próprio da família, na parte superior do aquário. No comércio existem várias sub-espécies obtidas por selecção, existindo em grande maioria as de cores laranjas, no entanto, pode-se encontrar vermelhas, amarelas e mesmo negras. Extramamente sociável, prefere convivência com Guppys, Mollys e Platys.


Molinésia Preta (

Poecilia sphenops)



Origem: México e Colômbia
Comprimento:  6 cm
Aquário: 60L
pH: 7.5
Temperatura: 27ºC

As Mollys são peixes vistosos, principalmente os machos com cauda de lyra (ou véu). Bastante comilões e ligeiramente maiores que os Espadas e Platys, são extremamente activos, por vezes agressivos entre si e para com os peixes mais pequenos, fundamentalmente quado existem muitos machos no aquário. Existe uma vário leque de padrões de Mollies, mas a grande maioria são alaranjadas, no entanto, existem brancas, pretas, mármores, verdes e outras cores. Preferem principalmente alimentos vegetais e nadam na parte superior do aquário. No que diz respeito à sua reprodução, é bastante fácil, visto ser vivíparo. Prefere águas com pH por volta dos 7.0 e pode atingir 12 cm ou mais.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Amazônia tem uma nova espécie descoberta a cada 3 dias





A organização ambientalista internacional WWF (World Wide Fund for Nature) lançou um relatório que faz uma extensa compilação das mais de 1.200 novas espécies de animais e vegetais descobertas na Amazônia na última década.

Segundo o estudo, intitulado "Amazon Alive!" uma nova espécie foi descoberta a cada três dias na região entre 1999 e 2009.

Os números comprovam que a Amazônia é dos lugares de maior biodiversidade da Terra: foram catalogados 637 novas plantas, 257 peixes, 216 anfíbios, 55 répteis, 39 mamíferos e 16 pássaros.

"O volume de descobertas de novas espécies é incrível - e isso sem incluir o grupo dos insetos, onde as descobertas também são muitas", afirma a coordenadora da WWF no Brasil Sarah Hutchison.

"Esse relatório mostra a incrível diversidade da vida na Amazônia e por isso precisamos de ações urgentes para que essas espécies sobrevivam."


O peixe Compsaraia samueli foi descoberto em 2008 no rio Tocantins
O Apistogramma baensch está entre as 257 espécies de peixes descobertas nesses 10 anos. A Amazônia abriga a maior variedade de peixes do mundo
Fonte: Último Segundo

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Betta

Betta Fêmea


Betta Macho


Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Osteichthyes
Subclasse: Actinopterygii
Ordem: Perciformes
Família: Osphronemidae
Género: Betta
Espécie: B. splendens


Betta splendens é um peixe originário do Sudeste Asiático (Indochina) da família Osphronemidae. O Betta também é conhecido como peixe de briga siamês (Brasil) ou Combatente (Portugal) devido à sua agressividade contra peixes da mesma espécie. Esta agressividade verifica-se predominantemente entre machos da espécie, de modo que, um macho colocado junto a peixes de espécies dóceis convive sem problema. Por outro lado, se colocadas em aquários pequenos, mesmo as fêmeas se tornam agressivas, com uma delas, geralmente a maior, assumindo o papel dominante e agredindo as demais.
Na sua forma selvagem os Bettas apresentam uma coloração discreta (cor acastanhada) que se confunde com o meio ambiente e com alguns tons de vermelho e azul nas barbatanas, são menores e menos agressivos que as formas domésticas. Na natureza podem ser encontrados nas bermas dos campos de arrozais, regatos, e pequenos lagos. O sistema social desta espécie é um sistema territorial em que durante a época de reprodução (época das chuvas) os machos defendem um território formado em redor de um "ninho-bolha", que eles próprios constroem e mantém. As fêmeas visitam os machos que as cortejam até estas libertarem os ovos. Em seguida e após a fertilização, os machos colocam os ovos no ninho e expulsam as fêmeas do território.
A reprodução em cativeiro é relativamente simples, bastando para isso um aquário (que pode ser pequeno) e um pequeno recipiente transparente. No aquário, coloca-se um macho, enquanto coloca-se a fêmea no pequeno recipiente. Em seguida, o recipiente (com a boca para cima) é colocado dentro do aquário, que terá um nível de água insuficiente para cobrir o recipiente. Uma vez visualizando a fêmea, o macho irá iniciar a construção do ninho, formado por diversas bolhas na superfície. Essa tarefa pode ser facilitada por algo que fique na superfície da água, como um isopor ou pedaço de plástico, o que evita que o ninho se prenda ao recipiente da fêmea. Uma vez construído o ninho, é o momento de soltar a fêmea, que será cortejada e envolvida pelo macho. Sob pressão, ela expelirá os ovos, que serão fertilizados e colocados no ninho pelo macho, com a boca. Uma vez concluído esta etapa, a fêmea deve ser retirada para não ser morta pelo macho. Este será responsável por cuidar dos ninhos e dos alevinos após o nascimento, devolvendo ao ninho os que caem.
Este peixe tem a particularidade de respirar o ar atmosférico, graças a órgãos chamados de labirintos, que fazem com que o ar passe bem próximo da corrente sanguínea dele, proporcionando a troca de oxigênio com o sangue por meio de difusão. Mas apesar dos Bettas serem labirintídeos, esse órgão faz com que ele consiga sobreviver em águas mais pobres em oxigênio, mas isso não é sinónimo de água poluída.
Os Bettas são muito populares entre os entusiastas de aquariofilia. As formas domésticas que atualmente se podem comprar nas lojas são o resultado de dois tipos de selecção artificial. Por um lado procurou-se produzir peixes com caracteristicas mais ornamentais, com barbatanas alongadas e corpo colorido (ver fotografia), por outro procurou-se criar peixes mais agressivos, para serem utilizados em torneios de luta (mais comum no Sudeste Asiático). Estes últimos normalmente apresentam barbatanas curtas e são de maior tamanho.

A alimentação dos Bettas deve ser feita com a comida, em forma de ração, encontrada nas lojas especializadas, com comidas vivas, (artemias, por exemplo) e até mesmo com gema de ovo cozida (mas isso deixa a água extremamente suja).
Deve-se ter um cuidado especial para não dar comida em excesso (o que pode deixar a água ácida e turva) e sim, dar alimento suficiente para ser consumido em minutos. Caso isso não aconteça, a comida restante deve ser retirada. Esse processo deve ser feito de uma a três vezes ao dia

Para a reprodução o ideal é utilizar um aquário com capacidade para 16 litros (ou 40x20x20cm), onde deve ser posto um solo de areia média de 2 centímetros. A iluminação deve ser feita com uma lâmpada incandescente (de 15 velas) que deve ser exposta por quatro horas diárias. 

A temperatura da água deve ser de 27ºC e o Ph 6.9. É aconselhada a colocação de algumas plantas, como a "Sagittaria microfolia" e a "Ceratophillum demersum". Nesse aquário deve ser colocado o macho, que ao estar pronto para a reprodução construirá um ninho de bolhas envoltas num muco bucal na superfície da água. 

Quando o ninho estiver pronto, deve ser colocada a fêmea. O macho curvará seu corpo sobre a fêmea, abraçando-a e forçando-a a expelir seus ovos. O macho os fecundará liberando seus espermatozóides na água. Logo após a postura dos ovos, a fêmea deve ser retirada do aquário. O macho então apanhará os ovos no fundo do aquário e os colocará no ninho. Neste momento é aconselhado que se abaixe a altura da coluna da água para dez centímetros para diminuir a pressão da mesma sobre os ovos.

Após 48 horas ocorre a eclosão dos ovos, ou seja, o nascimento dos alevinos, que começam a nadar por volta do sétimo dia (quando isso acontecer, deve-se retirar o macho do aquário). Os alevinos são alimentados nos primeiros dia pelos nutrientes contidos no saco vitelino, e, posteriormente, devem ser alimentados por infusórios (preparados com folhas de couve e gema de ovo seca pulverizada) ou até mesmo por comidas para alevinos, encontradas em lojas especializadas. Somente os mais fortes sobrevivem.Os peixes Betta chegam a medir 10 centímetros. 

Observações importantes: Ao colocar a fêmea no
aquário, ela deverá estar "ovada", ou seja, com seu ventre inchado e com algumas linhas verticais, o que indica que ela está pronta para a reprodução. É aconselhado que, antes da reprodução, os aquários do macho e da fêmea sejam colocados lado a lado para eles irem se "acostumando" um com o outro. 
A reprodução deve ser feita em um lugar calmo e sem a luz direta do sol. Em dias frios é aconselhada a colocação de um aquecedor de 1 (um) Watt de potência (por algumas horas) no betário para evitar o aparecimento de doenças como fungo e íctio. Na reprodução, a temperatura deve ser mantida constante em 27ºC, como dito anteriormente.

Guppy - Lebiste



•Nome científico: Poecilia reticulata peters
•Nome popular: Guppy, também conhecido como barrigudinho, Lebiste, bandeirinha, sarapintado, peixe-arco-íris ou peixe milhão.

• Introdução

O guppy é um peixe bastante resistente e pouquíssimo exigente quanto as instalações, mas devemos tomar alguns cuidados básicos, usando uma boa iluminação no aquário e uma vegetação bem densa. A água deverá ter uma dureza média e ligeiramente alcalina, com o Ph entre 7,0 e 7,3. Mantenha a temperatura em 25 a 28 graus.

Os guppys podem ser criados em aquários comunitários, desde que não hajam peixes muito maiores que ele, que possam danificar suas enormes caudas ou devora-lo. Além de mais coloridos os machos são bem menores que a fêmea, eles medem de 3 a 4 cm, enquanto que elas podem chegar a 6 ou 7 cm. A nadadeira caudal dos machos é normalmente maior que o corpo e bem aberta, ao passo que a das fêmeas é pouco desenvolvida.

Muitos aquaristas levam a criação de guppys a um nível tão sério e em tão grande escala que fazem do hobby sua fonte de rendas. E não é para menos, esses peixes são bastante ativos, desenvolvem-se bem em aquários pequenos, estão sujeitos a poucas doenças e se reproduzem com grande facilidade. E ainda, o guppy é um dos peixes ornamentais mais populares e procurados pelos aquaristas.

O guppy faz parte da família dos Poecilídios. Eles foram originários de águas doces de Trinidad, Barbados e países do norte da América do Sul, mas foram disseminados pelos Eua, Ásia, África e Europa. É encontrado na natureza geralmente em águas pouco movimentadas, ou então estagnadas, desde que haja uma densa vegetação. Nestes locais os guppys são verdadeiros devoradores de larvas de insetos e em algns países da Ásia são usados para controlar a proliferação de mosquistos transmissores de malária e outras doenças.

• Reprodução

Quem já viu guppys em um aquário, com certeza já percebeu que os machos ficam nadando ao lado de sua companheira, num ritual amoroso. Ele vibra as nadadeiras dorsal e caudal se dobrando e introduz seu gonopólio no órgão genital da fêmea, fertilizando-a. O período de gestação dos filhotes varia entre 22 e 25 dias. Próximo ao nascimento o abdômen da fêmea se apresenta bem inchado e aparece perto da nadadeira anal uma mancha escura, que se chama "mancha da gravidez", que vai aumentando quanto mais cheia de alevinos estiver. O ideal seria retirarmos a fêmea do aquário e colocarmos em outro sozinha, pois o canibalismo nessa espécie é muito comum, se você não visse ela parindo não sobraria um filhote. Esse aquário, chamado de maternidade, deve estar cheio de plantas, pois são nelas que os alevinos se escondem quando nascem.

É impressionante o pontencial reprodutivo dos guppys. Quando atingem a maturidade são muito ativos sexualmente. Os cruzamentos são constantes e uma fêmea pode produzir cerca de 100 filhotes a cada 4 semanas, embora o número fique normalmente em torno de 40 filhotes. Com uma única fecundação, ela pode produzir várias outras posturas esbaçadas, isso porque a fêmea tem capacidade de armaenar o espermatozóides no interior do seu oviduto por um longo tempo, podendo portanto se reproduzir mais 5 ou 6 vezes, sem a ajuda do macho. Cada postura atinge em média 30 a 70 alevinos, e 90% deles sobrevivem.

• Alevinos

Seu aquário com alevinos deve ser bem cuidado, com aerizador, bastante plantas, algas, não deixar ocorrer mudanças bruscas na temperatura. Nos primeiro dias dê apenas infusórios para eles, depois a dieta é normal, com artêmia, tubifex, larvas, dáfnias. Com essas medidas seu alevinos crescerão rapidamente e com muita saúde. Você sabia que com 2 meses os guppys já são capazes de se reproduzir?A espécie vive cerca de 3 anos e atinge o tamanho máximo aos 6 meses, o perído mais fértil dos exemplares é 1 ano e meio de idade.

Guia de Criação de Ciclídeos Africanos



Por Luis Cláudio Esquárcio

1 - Introdução

Os Ciclídeos Africanos tem a sua origem em várias regiões. Existem ciclídeos na África Ocidental, Oriental, nos rios africanos e nos chamados "Rift Lakes". O termo "Rift Lakes" aplica-se aos três principais lagos do continente africano: Lagos Victoria, Tanganyika e Malawi. Entre estes lagos rochosos, o que abriga o maior número de espécies é o Lago Malawi (mais de seiscentas espécies catalogadas - mas mais da metade já extintas). A maioria das espécies que habitam estes lagos são endêmicas, isto é, apenas são encontradas no respectivo lago.

1.1 - Características Gerais

Ciclídeos do Lago Malawi pertencem a dois grupos distintos: Mbuna (peixes que habitam a parte rochosa do lago) e Non-Mbuna (todos os outros) - outros nomes associados a este último grupo são: Utakas e Haplochromis (Haps).
Mbunas são menores, mais activos e agressivos que os non-mbunas, são usualmente herbívoros, alimentando-se basicamente de algas rochosas e pequenos crustáceos. Os principais géneros são: Pseudotropheus, Melanochromis, Labidochomis, Labeotropheus, Cynotilapia, Gephyrochomis, entre outros.
Non-mbunas são menos agressivos (para os padrões dos ciclídeos africanos!) principalmente porque os seus territórios não são tão pertos entre si e são menos definidos (por habitarem a parte mais aberta do lago); são maiores que os mbunas e são na sua maioria omnívoros (alimentando-se de alevins, pequenos invertebrados, plancton, etc). Os principais géneros são: Aulonocara ("Peacocks"), Haplochromis ("Haps").
Tipicamente os ciclídeos do Lago Tanganyika desovam no substrato, e alimentam-se de plancton, microcrustáceos e alevins (micro-predadores e omnívoros). Os principais géneros são: Tropheus, Lamprologus, Neolamprologus, Julidochromis.
No entanto, estas características são apenas generalizações, e certamente existem muitas excepções. Por exemplo, a Cyphotilapia do Lago Tanganyika atinge até 35 cm, e alguns shell-dwellers podem apresentar um comportamento agressivo comparável aos mbunas. E, do mesmo modo que os ciclídeos do Malawi, existem Tanganyikas predominantemente herbívoros, omnívoros e predominantemente carnívoros.

1.2 - Dimorfismo/Dicromatismo

Em várias espécies, normalmente o macho é maior e possui coloração mais vistosa que a fêmea. Entretanto, enquanto alevins, todos possuem a coloração da fêmea, não sendo possível distinguir o sexo pela cor. Somente quando juvenis, ou mesmo adultos em algumas espécies, é que a cor definitiva aparecerá. Em algumas situações, entretanto, um macho adulto poderá tomar a cor da fêmea. Por exemplo, quando um macho não dominante é seguidamente atacado pelo dominante (não necessariamente da mesma espécie), o primeiro pode adquirir a coloração da fêmea da espécie, camuflando-se como proteção. O modo correcto de distinguir o sexo é verificando os canais genitais, que nas fêmeas são maiores e mais arredondadas (para facilitar a desova). Alguns criadores distinguem os machos pelas barbatanas mais pontiagudas. Este método, porém, além de subjectivo, não é visível em alevins e juvenis.

2 - Tamanho do Aquário

Considerando (a) o tamanho médio dos ciclídeos africanos (Tangs: 6-10 cm; Mbunas: 12-15 cm; non-Mbuna: 20-30 cm); (b) que quase todas as espécies são territorialistas/agressivas; (c) que estes procriam com frequência (quando bem adaptados ao ambiente) e (d) que a decoração do aquário ocupa muito espaço, o volume mínimo adequado para a criação significativa de ciclídeos africanos seria de aproximadamente 200 litros (100x50x40 cm). Entretanto, para observar o comportamento singular e a procriação destes peixes de maneira adequada e satisfatória, o aquário ideal deveria ter mais de 350 litros (150x50x50 cm). Em tanques menores poderiam co-habitar espécies menores ("mbunas dwarf rock-dwellers", Tangs "shell-dwellers" e Victorian Haps), mas mesmo assim em número reduzido. Em todos os casos a proporção ideal é de cerca de 15-20 litros/peixe. Deve-se dar preferência a aquários mais largos do que altos, em função da decoração: 10 cm a mais num aquário rochoso fazem uma diferença significativa. Ex.: um aqua de 200 L com medidas 100x50x40 (CxLxA) será mais bem melhor aproveitado do que um de 100x40x50.

3 - Parametros Da Água:

3.1 - Temperatura

Temperatura entre 24-27°C. O ideal seria mantermos a temperatura entre 24-26°C pois: (a) temperaturas mais altas aceleram o metabolismo e consequentemente o apetite, aumentando a agressividade; (b) quanto mais alta a temperatura menor a taxa de oxigénio dissolvido na água. Em duas situações seria interessante aumentar a temperatura até o ponto (29-30°C): (a) para promover a desova/procriação e (b) aumentar o apetite e consequentemente o crescimento dos peixes (principalmente dos alevins).

3.2 - Amónia/Nitratos/Nitritos

Todos os peixes em geral são sensíveis à amónia, mas esta é potencialmente mais tóxica para os ciclídeos. A amónia num pH alcalino é muito mais tóxica do que num pH neutro (vide aquas marinhos). Daí a importância: (a) da ciclagem; (b) de uma boa filtragem biológica/mecânica/química; (c) das trocas parciais de água mais frequentes e (d) do controle populacional.

3.3 - O2 x CO2

Os ciclídeos africanos necessitam da água com alto grau de oxigénio dissolvido e baixo grau de CO2. A ausência de plantas dificulta a manutenção deste parâmetro. Se criarmos uma forte movimentação na superfície da água, aumentaremos as trocas gasosas (dissolução de O2 e evaporação de CO2), então, teremos uma concentração maior de O2 e menor de CO2 (vide aquas marinhos). Quanto maior a movimentação/corrente da superfície menor a quantidade de CO2 e consequentemente maior o pH (basta verificar isto em uma tabela conjugada pHxKHxCO2).

3.4 - pH

Os ciclídeos africanos, ao contrário dos americanos, necessitam de água extremamente alcalina. As faixas típicas para os três lagos são:

Victoria: 7.2-8.6 Malawi: 7.4-8.6 Tanganyika: 7.8-9.0

Estes são valores aproximados, e claro, vão variar naturalmente em diferentes épocas do ano nestes lagos (em função da salinidade, da temperatura etc). É recomendado manter o aquário com pH estável entre 8.2-8.4, que seria uma faixa média, apropriada para os peixes dos três lagos. Como vimos no ítem anterior, a forte movimentação da água ajuda a aumentar o pH, porém outros fatores conjugados também interferem directamente no pH. É o que veremos nos próximos dois itens.

3.5 - KH / NaHCO3

A dureza dos carbonatos (KH) refere-se ao grau de dissolução de carbonatos e bicarbonatos na água. Quanto maior o grau, mais dura é a água. O KH é o responsável pelo tamponamento, que é a capacidade de manter o pH estável. A água dos Rift Lakes contém muito carbonato dissolvido, deixando o KH entre 8-10 (moderadamente dura). Adicionando (nas trocas parciais) Bicarbonato de Sódio (NaHCO3) na proporção aproximada de uma colher-medida cheia para 150 litros de água nova, tamponaremos o pH em aproximadamente 8.1-8.5, dependendo do pH inicial e do movimento de superfície da água.

3.6 - GH / CaCO3

A dureza geral (GH) refere-se à concentração geral/total, principalmente de magnésio e cálcio dissolvidos na água. A relação entre GH e pH é muito pequena, mas é importante para algumas espécies de plantas e peixes. Nos Rift Lakes, a água contém alta concentração de magnésio, deixando o GH entre 10 e 12. Para elevar o GH (e consequentemente o KH), adicione carbonato de cálcio (CaCO3). Sulfato de magnésio pode ser usado para endurecer a água no lugar do cálcio, entretanto, utilizando substratos calcários (halimeda, aragonite, dolomita) o GH/KH ficará estável, sem a necessidade de adicionar estes produtos.

3.7 - Salinidade

A água dos Rift Lakes possui alto grau de sais dissolvidos, mas não do sal comum NaCl, portanto é um erro comum achar que a água dos ciclídeos africanos é salobra. Para suprir a água do tanque de potássio e elementos traços, utilize 1 colher de sal próprio para ciclídeos africanos (não iodado). Não é recomendável a adição de NaCl, salvo sob condições particulares (controle de bactérias, etc.)

4 - Filtragem

Os ciclídeos africanos comem muito, produzindo muitos dejectos que se acumulam rapidamente no aquário. Como não há plantas no tanque, toda a sujidade deve ser removida pela filtragem. Então, quanto mais forte for esta, melhor. Sugere-se um filtro externo com circulação de pelo menos 6 vezes por hora o volume do aquário, acrescido de bombas submersas acopladas a esponjas que (a) aumentam a filtragem biológica e (b) aumentam a corrente interna, mantendo os dejectos mais tempo em suspensão, sendo recolhidos pelo filtro externo. Quando houver "superpopulação" (descrito adiante), devemos ter também uma "superfiltragem" de pelo menos 8x volume/hora.

4.1 - Trocas Parcias

Devido (a) ao facto da amónia/nitratos serem muito mais tóxicos em água alcalina; (b) à ausência de plantas e (c) à superpopulação, a qualidade da água em tanques de ciclídeos africanos deteriora rapidamente. Trocas frequentes tornam-se imprescindíveis, fazendo com que os peixes permaneçam saudáveis e tenham as cores realçadas. Pelo menos 20-30% semanais atendem a esta necessidade. A água de torneira, normalmente utilizada nas trocas, contém cloro/cloraminas. É necessário adicionar um condicionador (tipo "AquaSafe") para eliminá-los junto com os demais metais pesados.

5 - Decoração:

5.1 - Iluminação

Por não haver plantas, a iluminação não necessita ser forte. 0,5 W/L de iluminação fluorescente normal é o suficiente (incluindo, neste valor, uma lâmpada azul actínica, para realçar a coloração dos peixes).

5.2 - Substrato

O cascalho correcto num aquário de ciclídeos africanos é de vital importância para um bom desenvolvimento do aquário. É ele que tampona o pH num "reef doce". Logo abaixo são citados alguns tipos de cascalho indicado para ciclídeos africanos:
African cichlid mix - cascalho importado dos EUA, de excelente qualidade, promove um aumento de biologia pela estrutura porosa, e mantém um pH alto recomendado. Na cor cinza/branco/grafite, é altamente recomendado.
Halimeda - cascalho normalmente usado em aquário de corais, possui todos os elementos bioquímicos recomendados para este aquário. Possui a vantagem de ser nacional e ter um custo mais reduzido. Consegue manter uma dureza alta e um pH excelente.
Caribean Sea Aragonite - cascalho importado dos EUA, normalmente usado nos grandes aquários de ciclídeos africanos, pela sua excelência bioquímica e pela sua bela cor branca que realça as cores dos peixes. É pesado com granulagem média-fina, mantém o pH alto e dureza correcta.
Dolimita - cascalho mais comum, possui características alcalinizantes e preço baixo, mas não é recomendável. Desvantagem: perde com o tempo a sua força alcalinizante e altera pouco a dureza da água por não ser de material exclusivamente calcário.
Cascalho de conchas - muito comum no passado para aquários marinhos, é recomendável para ciclídeos mas não se dissolve bem com o tempo, perdendo o poder de tamponamento que os três primeiros possuem.

5.3 - Pedras

O aquário de ciclídeos africanos deve ser decorado com areia e rochas, em quantidade apropriada para simular o ambiente natural dos Rift Lakes habitado pela maioria das espécies escolhidas para o aquário. As tocas servem de abrigo e como "ninho" para reprodução. As tocas serão ocupadas e se tornarão territórios defendidos agressivamente (principalmente durante a desova). As rochas, cobertas de algas, servem de fonte de alimento para os herbívoros. A movimentação forte da água evita que depósitos de sujeira acumulem-se entre as rochas. A agressividade está ligada à quantidade de tocas, uma vez que quanto menos tocas, mais disputa por elas.

5.4 - Plantas

Normalmente não são usadas em aquários de ciclídeos africanos. A maioria deles são parcialmente ou totalmente herbívoros, tendendo a comer quase todas as espécies de plantas. Além disso, o pH muito alto, com baixa quantidade de CO2 dissolvido, não favorece o crescimento da maioria das plantas.

6 - Alimentação

Os mbunas são basicamente herbívoros, enquanto os non-mbunas são omnívoros, assim como a maioria dos Victorian Haps e Tangs (uma importante excepção são os Tropheus e Góbios que são herbívoros quase que exclusivamente, qualquer dose maior de proteína animal é suficiente para adoecê-los). Entretanto, todos os ciclídeos africanos tenderão a comer qualquer alimento oferecido. O problema é que uma dieta errada poderá causar uma doença fatal nos ciclídeos africanos chamada "Malawi Bloat" (mais a seguir). O ideal é alimentá-los 2-3 vezes/dia, o suficiente para o consumo em até 2 minutos, deixando-os em jejum 1 dia na semana. Uma alimentação 90% herbívora e 10% animal (artémias) é a combinação ideal. A alimentação está ligada à agressividade, como veremos a seguir.

7 - Agressividade

Quase todas as espécies são territoriais e intolerantes com (pelo menos) sua própria espécie. Em algumas espécies mesmo as fêmeas mostram comportamento territorial (M. chipokee e M. auratus, Ps. lombardoi...). Às vezes a agressão do macho é directamente contra algum peixe de coloração semelhante (especialmente entre Aulonocaras). Alguns Neolamprologus do complexo brichardi são mais tolerantes entre si e podem inclusive formar colônias hierárquicas baseadas no corporativismo, se o aquário tiver espaço suficiente para comportá-los.

7.1 - Hierarquia Social

Os ciclídeos africanos, mesmo fora dos limites de um tanque, formam uma hierarquia social, que funciona tanto inter quanto intra espécies. Assim, um macho é o peixe hiperdominante do tanque, tendo o comportamento mais agressivo, perseguindo todos (principalmente os machos) que se aproximarem, não somente no período da desova. Entre as espécies haverá um macho dominante, que não tolerará nenhum outro macho de sua espécie no tanque. O dominante acabará matando o(s) outro(s). Mesmo em aquário maiores (400-500 L) algumas espécies mais agressivas (M. chipokee e M. auratus) não aceitarão a presença de outro macho da sua espécie no tanque. O ideal é mantermos um "harem" de 2-3 fêmeas para cada macho. A hierarquia é melhor observada quando não há actividade de desova no tanque. Quando está desovando, tanto o macho quanto a fêmea tornam-se mais agressivos, podendo "quebrar" a hierarquia.

7.2 - Controle

A agressividade dos ciclídeos está ligada basicamente a dois factores: sexo e comida. Para tentar controlar a agressividade, devemos (a) manter o número de machos bem menor que o de fêmeas, criando "haréns"; (b) montar as rochas formando muitas tocas (2-3/macho), para diminuir a disputa; (c) baixar a temperatura (25-26°C), para não aumentar o metabolismo; (d) alimentação 2-3 vezes ao dia (consumo até 2 minutos). Além dessas medidas, há uma teoria de "superpopulação" do tanque, que dispersaria a atenção dos machos dominantes, não fixando em uma só vítima. Caso o aquarista opte por superpopular o aquário, deve, então superfiltrar a água. A adição de alguns peixes rápidos de superfície (dânios, paulistinhas) também ajuda a dispersar a agressividade.

8 - (Re)Introdução de (Novos) Peixes

Ao introduzirmos os peixes no aquário recém montado, devemos evitar colocar os mais agressivos primeiro. O "ranking" de agressividade entre os Mbunas tem no "pódium" M. auratus, M.chipokee, Ps. lombardoi "Kennyi", seguidos pelos outros Pseudo- e Labidotropheus. Os Labidochromis e Aulonocaras são espécies menos agressivas (para os padrões dos ciclídeos africanos!). Ao reintroduzirmos um peixe no aquário, devemos ter em atenção o facto de que este voltará à base da "pirâmide social". Para evitarmos algum incidente, devemos reintroduzí-los durante a alimentação, podendo apagar as luzes, para que o novo habitante possa encontrar algum abrigo. Um novo habitante será perseguido/caçado durante as primeiras semanas e não revidará, averiguando a hierarquia social do grupo. Quando estiver adaptado, começará a desafiar os que se encontram na base da pirâmide.

8 - Reprodução

Sendo todos ovíparos, as fêmeas dos ciclídeos africanos desovam na água, sendo em seguida fecundados pelo macho no próprio substrato.

8.1 - Desova

Se a água, a comida e a filtragem estiverem dentros dos parâmetros ideais, os ciclídeos africanos desovarão com frequência. Os Mbunas começam a desovar a partir dos 7 meses de vida. Algumas espécies chegam a desovar mensalmente. O macho prepara a toca e corteja a fêmea. Neste período tendem a ficar mais agressivos.

8.2 - Incubação Bocal

Em algumas espécies (Mbunas, por exemplo), as fêmeas carregarão os ovos fertilizados em sua boca e os incubarão. As larvas chocarão após 14-21 dias. Quando estes chocarem (10-30 larvas), ainda permanecerão durante 18-25 dias (dependendo da espécie e da temperatura). Quando os alevins alcançarem cerca de 1 cm, estarão aptos a alimentar-se e a nadar livremente. Quando as fêmeas carregam ovos, recusam-se a comer (característica que pode ser confundida com a doença hidropsia); a sua boca parece cheia, fazendo movimentos de mastigação frequentemente.

8.3 - Stripping Fry

É a técnica de retirar manualmente os alevins da boca da mãe.

8.4 - Crescimento dos alevinos

Para um crescimento saudável e eficaz, as trocas parciais deverão ser mais frequentes e a quantidade de proteína animal (artémias) deve ser maior (70% vegetal, 30% artêmias). A temperatura deve ficar entre 28-29°C para aumentar o metabolismo e o apetite.

8.5 - Hibridismo

Espécies diferentes de um mesmo género (especialmente entre Aulonocaras e Pseudotropheus), poderão procriar (principalmente, quando não houver um número satisfatório de fêmeas de sua espécie disponíveis), produzindo crias híbridas que costumam ser estéreis, fracas, sem coloração intensa, e muitas vezes com deformações. O macho hiperdominante, principalmente, também tentará procriar com fêmeas de outras espécies no mesmo género.

9 - Doenças

Além das doenças "convencionais", a que todos os peixes estão sujeitos, os ciclídeos estão sujeitos a uma fatal, chamada "Malawi Bloat" (semelhante à hidropsia). Apesar do nome, ela pode atacar os peixes dos três lagos.

9.1 - Sintomas

O primeiro sintoma é a perda do apetite. Os ciclídeos africanos são sempre vorazes ao se alimentarem. Somente a fêmea, quando está carregando ovos, é que perde o apetite. Os sintomas secundários incluem inchaço anormal do abdomen, respiração ofegante, fezes brancas, ficar parado no fundo do tanque ou ofegando na superfície. Marcas vermelhas em volta do ânus ou ulcerações na pele podem aparecer. Neste ponto já é tarde para recuperar o peixe, pois a extensão dos danos já atingiu o fígado, os rins e/ou a bexiga natatória. A morte normalmente acontece em 24-72 horas (em alguns casos em até 1 semana).

9.2 - Causas

As principais causas do Malawi Bloat são: (a) dieta errada, que irá irritar o sistema digestivo/excretor dos peixes (evitar tubifex, blood worms, larvas e artêmias em excesso, e mesmo flocos e pellets contendo este. Os Mbunas são basicamente herbívoros. Mesmo os non-Mbunas devem ter a alimentação animal restrita. (b) longa exposição à água de baixa qualidade: parâmetros incorretos, falta de trocas de água e superalimentação. (c) Excesso de sal (NaCl): na tentativa de simularmos o ambiente ideal, frequentemente, exageramos na quantidade de sal, sobrecarregando os orgãos internos dos animais.

9.3 - Tratamento

Só há tratamento no estágio inicial da doença. Quando percebermos que o peixe perdeu o apetite, devemos removê-lo e iniciar o tratamento imediatamente. Uma solução de Metronidazole (Emtryl), ou um Bactericida para aquários, em conjunto com uma oxigenação forte, temperatura entre 29-30°C, e trocas diárias de 30%, poderão salvar o peixe. O tratamento deve seguir até o peixe voltar a ter o seu apetite normal.

10 - Referências

C.M.C.A
Malawi Cichlid Homepage
African Cichlid Recipe
African Cichlids
Cichlids Great and Small
Nota Final

Este "Manual" é apenas um resumo de uma série de artigos que eu consegui na net em diversos sites especializados em Ciclídeos Africanos. Os sites brasileiros, em sua maioria (sem, é claro, querer desmerecê-los), abrangem basicamente aquários comunitários típicos e aquários plantados (tipo holandês); informações específicas sobre aquários de ciclídeos africanos quase não há nos sites que eu procurei. Como consegui muita informações em sites estrangeiros, resolvi compilar estas informações e resumi-las num único texto. Ao compartilha-lhas quero deixar claro que se trata meramente de uma contribuição para os interessados em aquariofilia.

Luis Cláudio Esquárcio, com colaboração de José Antonio (ez), Flávia (Perse), Bruno Galhardi, Johnny Bravo e Marcos Avila

Texto baseado nos FAQ's disponíveis no Malawi Cichlid Homepage, com actualizações e contribuições dos autores acima.

Contribuição de: Paulo Rossi

Ciclideos

Classificação Científica


Reino: Animalia
Filo: Chordata 
Classe: Actinopterygii 
Ordem: Perciformes
Família: Cichlidae


Ciclídeos é uma família de peixes de água doce da ordem Perciformes que inclui cerca de 105 géneros e 1900 espécies. Os ciclídeos representam a maior família de peixes (em termos de número) e cerca de 5% dos vertebrados existentes na Terra. Os ciclídeos possuem o corpo comprimido lateralmente, uma narina apenas por lado do corpo, a linha lateral dividida e espinhos nas nadadeiras dorsal e anal (dorsal, entre 7 e 25 raios duros e 5 e 30 raios moles; anal, entre 3 e 15 raios duros, geralmente 3, e 4 e 15 raios moles, em algumas espécies até 30). O grupo caracteriza-se ainda: pela presença de dentes nas duas mandíbulas e na garganta e pelo intestino, que sai do estômago pelo lado esquerdo (ao contrário dos restantes grupos de peixes). 

Os ciclídeos têm ampla distribuição geográfica nas Américas, África, Madagascar, litoral sul da Índia, Sri Lanka e Oriente Médio. Foram introduzidos em vários países dos 4 continentes, e em alguns são a única fonte de proteína animal para milhões de pessoas. As espécies mais conhecidas são as que habitam o continente americano (ciclídeos neotropicais) onde se destacam os populares acará disco - Symphysodon aequifasciatus - e acará bandeira -Pterophyllum scalare. O continente africano, mais precisamente na região do Rift Valey (Lagos Vitoria, Malawi e Tanganyika) se destaca pela biodiversidade de espécies dessa família. Estes ciclídeos africanos caracterizam-se pela exuberante coloração e seus tamanhos variam de 2,5 centímetros (Neolamprologus multifasciatus) a 80 centímetros (Boulengerochromis microlepis), ambos do lago Tanganiyka. No Malawi encontramos predominantemente os generos Pseudotropheus, Melanochromis e Aulonocaras. Possuem as mais variadas formas, mas em geral o corpo é moderadamente profundo e comprimido. O lago Malawi merece especial atenção por ser habitat das espécies mais coloridas da família.

Aequidens diadema



Biótopo:
América do Sul - Acaras

Distribuição Geográfica / População:
Rio Negro e Rio Orinoco

Características da água:
PH - 6.0 a 7.0
Temp. - 23 a 28 ºC. 

Alimentação:
Em aquário é facilmente alimentado com artémia, larvas de mosquito, dáfnia, granulados e flocos comerciais. Há, ainda, quem os alimente com pequenos peixes vivos (nomeadamente peixes do grupo dos tetras). Facilmente abocanham, também, gastrópodes. Esta espécie possui, então, hábitos predatórios, embora seja omnívora.

Dimorfismo Sexual:
São monomórficos. Mas os machos tendem a ficar maiores que as fêmeas. Os machos adultos possuem barbatanas com filamentos extremamente longos, sendo estes mais curtos e arredondados nas fêmeas, especialmente na barbatana dorsal.

Tamanho Máximo:
Macho – 15 cm. 
Fêmea – 12 cm.

Comportamento:
É uma espécie de temperamento moderado para um ciclídeo, no entanto, poderão comer alguns peixes mais pequenos que coabitem no aquário, tais como pequenos tetras. Podem coabitar com outros ciclídeos, desde que estes sejam do mesmo tamanho que os A. diadema, de forma a que não lhes sirvam de alimento.

Reprodução:
Depositam os ovos em substratos, como vegetais e pedras. Os ovos eclodem cerca de 60 horas após a postura.

Tamanho mínimo do aquário:
1,20m para um casal.

Outras Informações:
Desaconselha-se a manutenção desta espécie com tetras de pequeno porte (como neóns ou cardinais) uma vez que estes podem predá-los. São animais bastante interessantes de uma beleza singular, que devem ser mantidos em aquários grandes e espaçosos para que possam nadar livremente, devido ao seu porte considerável. Em aquários pequenos o risco de interacções agonísticas entre o macho e a fêmea é elevado. Por isso, e por não se desfrutar da potencialidade do comportamento desta espécie, desaconselha-se a sua manutenção em aquários pequenos. Não são escavadores, e isso é bem notório na forma da sua boca, quando comparada com espécies escavadores como as do género Geophagus.

Autor:
Tiago Jesus

Geophagus sp. "Tapajos Orange Head"



Biótopo:
América do Sul - Eartheaters

Distribuição Geográfica / População:
Rio Tapajos, bacia do Amazonas

Características da água:
Temperatura: 24ºC a 28ºC
pH: 6,0 a 6,6
dH: 2 a 6 

Alimentação:
Tal como a sua denominação indica (eartheaters), são peixes que buscam nos fundos arenosos a sua alimentação que se compõe de pequenos crustáceos e larvas de insectos.
No aquário têm tendência a ser selectivos com a comida rejeitando flocos. Devem por isso ser alimentados com comida congelada, tal como artemia, kril e larvas de mosquisto (esporadicamente) e granulados de boa qualidade.

Dimorfismo Sexual:
Os machos tendem a ficar maiores que as fêmeas e têm as barbatanas dorsal e anal mais pontiagudas e a zona vermelha da cabeça tende a ser mais colorida nas fêmeas na altura época da reprodução.

Tamanho Máximo:
Macho: 16cm
Fêmea: 14cm

Comportamento:
Tal como a generalidade dos geophagus, é uma espécie bastante pacífica para peixes de outras espécies apenas se notando conflitos com outros peixes do género Geophagus mas que, num aquário com as dimensões adequadas, não são mais do que o definir de hierarquia e de marcar território sem chegarem grande confronto físico. Coabitam por isso facilmente com outros ciclídeos anões mas deve evitar-se mantê-los com outros ciclídeos de grande porte devido à sua timidez.

Reprodução:
Incubador bocal larvofilo biparental. 
O casal, depois de formado, escolhe um local, como uma pedra lisa ou um tronco inclinado, para fazer a postura e limpa-o com cuidado. Enquanto os ovos estão depositados no local de desova, a fêmea areja os ovos e defende-os dos intrusos, enquanto o macho vai guardando o território. 72 horas após a postura, os ovos transformam-se em larvas e, nesta altura, são recolhidas pela fêmea na boca terminando aí a encubação. 

Tamanho mínimo do aquário:
1,50m para um grupo de 5 indivíduos de ambos os sexos ou um casal a viver em conjunto com outros Geophagus.

Outras Informações:
Esta é uma das espécies mais pequenas de Geophagus e das mais populares devido à sua beleza derivada da zona vermelha da cabeça.

Autor:
Jacinto Salgueiro